Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/268

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saltando na pontinha dos pés; e por muito tempo agachado aos pés do rabino escutou o que lhe ele dizia com a atitude de um vaso que se coloca embaixo da bica a fim de aparar os pingos do azeite. Afinal ergueram-se ambos; o bicho partiu a correr para as bandas da ribeira, e o rabino seguiu em direção a casa.

O taberneiro por seu lado também se pôs ao andar da rua, a desempenhar certa incumbência relativa à ceia: era essa de convidar a parte feminina do bródio, no que era ele mais que ninguém esperto e ladino, apesar da disposição mui terminante da ord. do liv. 5.°, letra morta como tantas outras leis passadas, presentes e futuras que se intrometam a moralizar costumes por meio de castigos.

Depois de correr a coxia, por becos e ruelas, chegou afinal o judengo a uma baiuca lá para as bandas da vila velha, conhecida do vulgacho por Casa da Bruxa. Entrando, achou dormitando a um canto escuro, de companhia com um gato preto e uma galinha, a decrépita feiticeira, que mal se podia arrastar sobre a enxerga.

— Onde está Zana? perguntou o Brás.

A velha abriu uma nesga das pálpebras, e recaiu