Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/274

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lhe uma bolsa ricamente bordada a fio de ouro, cravejada de pérolas, e além de tudo tão recheada de dobrões e pistolas, que as malhas de repuxadas quase deixavam escapar as moedas.

— Tive incumbência de entregar-vos em mão da parte que sabeis, e bem assim de enchê-la todas as vezes que se esvaziar esta noite!...

D. José ficou atalhado, já da generosidade do judeu usurário, já de ver o Brás até certo ponto na confidência do pacto secreto feito por intermédio de Raquel; mas como ele tinha a alma bastante elástica para conter mais esse pecadilho de jogar à custa do usurário, a quem ia enganar, levou as coisas de risota e chalaça.

— Já vejo que é a bolsa encantada que me enviam!...

— Acertastes; pois foram dedos de fada que a bordaram!

— E o gadanho de Satanás que a encheu!... concluiu o alferes rindo à vontade, e seguindo a reunir-se aos amigos.

D. José jogava como príncipe, e perdia como o Grão-Turco. Três vezes a bolsa encantada foi virada ao avesso cuspindo a última moeda, e outras tantas apareceu, como por milagre e de relance,