Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/287

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— É sua voz que chama, meu senhor!... São dez horas!...

Uma alucinação passou pelo cérebro do alferes; ele tornou a ver o painel que desvendara o reposteiro aos seus olhos pasmos; o sangue bramiu: pareceu-lhe ouvir o gargalhar de uma voz satânica que lhe vazava n'alma esta palavra:

— Leve a breca a honra!...

Atirou ao judeu através da grade o memorial e o santo; o velho precipitou-se sobre o papel, que desta vez era mais do que ousara esperar, pois era o próprio original de Diogo de Campos. Da verdade do papel inferiu a verdade da senha; pois seria uma necedade do fidalgo deixar incompleta a sua traição, especialmente quando existia uma assinatura sua que o podia perder.

— Cumpri o meu juramento; cumpre o teu, miserável judeu!...

— Meu senhor tem a chave de ouro que guarda o cofre da mais fina joia; sua escrava só espera o aceno de seu senhor.