Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/29

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Ao mui nobre Cavalheiro D. Fernando de Ataíde.

Quarta-feira depois de Reis, que se contam 7 deste janeiro, desde o romper d'alva até o toque de meio-dia, estará no sítio da Graça, a um tiro de berço da ermida para as bandas da praia, um cavalheiro que jurou não ter um momento de repouso enquanto não provar que vil e indigno é o fidalgo que pede e aceita a mão forçada de uma dona, sem o coração que ela a outro já deu com seu amor.

Se D. Fernando de Ataíde preza a sua honra e não é um cobarde, venha ao lugar emprazado ouvi-lo dizer em face, e desmenti-lo com a espada na mão. Não o fazendo, será tido por infame, e tratado como tal no lugar mais público onde se faça encontrado.


O alferes acabou a leitura em pé, batendo, com força no pavimento:

— O atrevido a pagará. Deixai-o à minha conta. Esta afronta é primeiro minha; e só depois vossa.

— Sabeis donde vem este cartel?

— Não o soubera eu!... Do tal D. Lopo de Velasco!... Cuida ele com ser comendador que há de caçar também Inesita, como usa com suas alimárias!... Está