Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/296

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De tudo arranjaram uma trouxa e pela janela do camarim a atiraram aos marujos do batel, que esticaram os remos, afastando-o lentamente do forte. A vigia viu da guarita o barco vogar para terra e não lhe deu atenção, nem reparou que a algumas braças do castelo estacara sobre as águas, apesar de continuar o jogo dos remos.

Os três haviam ficado completamente nus; então o salteador desenrolando a longa corda que trazia à cinta, atou uma das pontas ao gonzo da janela, deixando a outra escorregar pela muralha abaixo. Passar ao pescoço a correia da chave do camarim, galgar a ombreira e escorregar pela corda foi para ele negócio de um minuto:

— Este é o caminho, gente!...

Os companheiros, um após outro, foram-lhe na esteira. Ouviu-se o marulho das ondas quando tragam alguma presa, e logo a esfrol da espuma que argenteava ao longe em três pontos sucessivos, como se algum peixe folgasse à tona d’água. O barco recuara silenciosamente para mais depressa receber os fugitivos que o buscavam a nado; conseguido o que rompeu a voga arrancada para terra.