— Inácio, vai ao Brás que te chama; e olho vivo!
Dali seguiram os três para a Rua da Palma.
Na casa do mercador judeu dava-se então a peripécia da cena que deixamos em jogo.
D. José de Aguilar, penetrando no camarim de Raquel, correu a ela, e sentando-se ao lado no divã de seda, quis cingir-lhe a cintura com o braço. A moça furtou sutilmente o corpo a essa carícia grosseira, voltando para o oficial um rosto onde o sorriso orvalhava a mais soberba indignação. Logo porém velando essa expressão de sua alma, disse com um tom de voz doce e trêmulo:
— Escute meu senhor, o que sua serva lhe pede.
— Senhora minha e não serva, sois vós, formosa Raquel! Ordenai pois a este cativo vosso.
— Jurei que vos havia de pertencer...
— Esta noite e não mais tarde!
— Neste mesmo instante!... Mas esperava eu e ainda espero que meu senhor fizesse à sua serva menos duro o sacrifício, de modo a não parecer a prova que lhe ela dá de seu amor, pura mercê e salário de feio tráfico!