Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/304

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agora a minha vez. Sim, adorei em vós a flor de meus sonhos, o lírio de minha alma! Imaginai qual deva ter sido meu martírio reconhecendo no amado de meu coração um indigno de sê-lo!

— Indigno, dizes?...

— Julgai-o!... Amava em vós a honra, e falistes dela, traindo a pátria vossa e os votos a ela jurados.

— Donzela, calai-vos!... disse o alferes rangendo os dentes.

— O valor de que me orgulhava não o conheceis, pois tremestes e descorastes ante a ameaça de um velho. Nobreza e generosidade, não as tem decerto, quem se rebaixa a torpeza tal, que envergonharia o mais vil.

— Não vos está bem a vós, Raquel, por quem tudo esqueci, lembrar-me e tão duramente quanto me custa o amor que vos tenho!

— E quem melhor, senão aquela que deve medir pela grandeza do sacrifício a grandeza do afeto, a fim de o recompensar dignamente?

— Nesse ponto tendes razão... E assaz de palavras: é mais que tempo de cumprirdes o vosso juramento, o meu há muito já o foi!