Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/305

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Raquel erigiu a bela estatura, arqueando levemente o busto como o colo do cisne quando rompe a onda límpida; cravados então os olhos no alferes, seu lábio frisado pela cólera trinou uma risada de escárnio, que salpicou o semblante de D. José como um borrifo de fel.

— Meu juramento?...

— Rides?

— Se o caso é de rir!... Quem somos nós para que entre ambos se fale de juramentos e empenhos de honra?... Vós um traidor infame, eu uma vil barregã... ao menos por tal me julgais!...

— Não inventeis à minha conta pretextos para vossa aleivosia!

— Mentistes então quando dissestes que me tínheis amor?... De qualquer outra mulher poderíeis supor que vos sacrificasse a virtude para benefício de seus irmãos... Da mulher amada, nunca; tal sacrifício fora impossível a mim fazê-lo e a vós aceitá-lo!... Como pois crer e esperar que cumprisse semelhante promessa outra mulher que não uma como há pouco deixastes, abandonada de todo o pudor e vergonha!...

— Que nome tem esse embuste que empregastes