Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/325

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— Eis o que procurastes, disse Fogaça amuado.

— Não é nada; um esmorecimento que já passou. O exercício me fará bem; há tantos dias que não ando...

O capitão de mato trançou-lhe o braço e quis voltar a casa. Cristóvão resistiu e com tal resolução, que o amigo não ousou contrariá-lo mais. Continuaram na direção em que iam, até trinta passos da casa de D. Luísa; procurando uma aberta entre as árvores, por onde se pudesse ver perfeitamente o edifício, Fogaça obrigou o mancebo a sentar-se ali para repousar, enquanto praticavam no assunto que os trouxera.

A habitação e os arredores, sepultados no silêncio e obscuridade, dormiam; mas uma luz baça velava no fundo de uma recâmera da habitação, e palejava a fresta oval da última janela. Cristóvão embebendo os olhos naquele mortiço clarão, como se fora o reflexo melancólico e lívido da alma de sua amante, suspirou:

— É a janela de Elvira!

— Vede a grade que a guarnece; a outra da frente pelo mesmo teor. As portas constantemente fechadas e dobradas de trancas de ferro; o menor rumor que ouvem dentro, logo o tal que