Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/334

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Feita essa recomendação o mancebo galgou a árvore por sua vez, até pôr-se ao nível do óculo esclarecido da janela. Aí amarrou uma das pontas do fio no meio da flecha e segurando a outra nos dentes, esticou a corda do arco. Ouviu-se um sibilo nos ares; e no mesmo instante a luz mortiça do aposento escureceu. Cristóvão sufocava com as mãos ambas os palpites violentos do coração; João Fogaça admirava com a franqueza e sinceridade dos homens fortes e superiores.

— Lá está!... murmurou Estácio sentindo a resistência no fio.

Ouvido ergueu-se de um salto, e colando a boca à orelha de João Fogaça soprou-lhe:

— Levantaram-se da mesa! Há gente na janela da frente!...

No mesmo instante saltava Faro à outra orelha do capitão de mato:

— Negro está no terreiro espiando. Vem para cá.

João Fogaça deu aviso aos companheiros, e estendeu-se no chão, com Cristóvão e os dois índios. Estácio e Olho ficaram imóveis sobre os ramos da árvore. Todos retinham a respiração, que os poderia trair, se o espia se aproximasse da borda do fosso. O negro veio rondando o terreiro, exa