Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/336

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a leitura da carta de seu amante. A carta era longa, e os olhos da donzela foram a cada instante nublados pelas lágrimas; essas, enxugadas pelos beijos, iam apagando as letras, e tornando-as invisíveis à luz baça da lâmpada.

Estácio, corrente do que se passava, receando de um lado qualquer rebate, e do outro pressuroso pela sua empresa, advertiu Elvira. A donzela vendo a frecha levemente arrastada pelo tapete, não fez reparo nisso, embebida, como estava nas palavras do amante; supôs talvez que fosse o seu próprio vestido que produzisse aquele movimento. Mas afinal, como a frecha fugisse subindo pela janela, recordou-se da linha a que estava presa; substituiu-a pelo papel que tinha no seio, e imprimiu ao fio condutor uma vibração para indicar que podiam retirá-lo.

O mancebo compreendeu, e recolhendo rápido a linha, teve o prazer de sentir em pouco o perfume do bilhete de Elvira. Cristóvão correu a recebê-lo das mãos do amigo, que lho estendia do alto da árvore.

No momento em que o extremoso amante devorava de beijos o papel, em pé na borda do