Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/340

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no fundo de minha alma, não sabia se era, porque já transida deste mundo, me fora reunir convosco em outro melhor. Usaram depois rogos e ameaças no vão intento de me alhearem de vós. Bem viram logo que, mais longe vos afastassem de meus olhos, mais dentro vos metiam de meu coração.</poem>


Houvera no traçar da carta uma interrupção, como indicava o final.


Que ouvi agora, Santo Deus! Tremo de horror lembrando! Nem ouso escrevê-lo.

Cristóvão, esperança única desta minha alma aflita, vinde amparar-me, se não quereis que me fine amaldiçoando a vida.

Pensava eu que não houvesse mal para me abalar enquanto me fortalecesse a fé de nosso amor. Que podiam fazer? Matar-me uma vez em minha pessoa? Iria esperar-vos no céu. Matar-me duas vezes, roubando-vos a existência? Seríamos logo reunidos na eternidade.

Mas por desgraça nossa enganei-me, esposo meu. Querem separar-nos para sempre na terra e no céu! Vinde; é forçoso que vos veja e fale. Vinde salvar-me da eterna perdição!