Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/51

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fosse o aperto da gente que a tivesse perdido dela. Enganava-se porém; a velha, veterana de festas e procissões, furou como um mergulhão as ondas do povo, e ganhando a nave, enfiou pela escada do convento acima. Foi-se ao primeiro leigo que encontrou e disse-lhe em grande alvoroço:

— Senhor meu devoto, levai-me já nesta hora ao Rev. P. Molina!...

— Não pode ouvir-vos agora, mulher; pois já está recolhido na câmera do púlpito para o sermão que vai entrar!

— Se foi ele próprio quem mandou-me o buscasse neste agorinha! É mesmo pelo sermão!...

O Irmão Bernardo olhou desconfiado para a velha; mas esta levando a mão ao peito, fez um sinal cabalístico, que dispôs favoravelmente o leigo.

— Vinde, irmã.

O porteiro guiou a velha até defronte de uma portinha de tribuna; às pancadas miúdas e contínuas da Brásia perguntaram de dentro quem batia.

— Uma devota da Rua de Santa Luzia!...

A porta abriu-se logo; dentro do cubículo estavam