Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/52

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duas pessoas: o visitador e um frade moço que acompanhava lendo em um rolo de manuscrito a declamação do pregador. Fora o P. Molina quem abrira o postigo, e reconhecendo a velha, saiu fora para ouvi-la. Brásia derrubou-se impetuosamente de joelhos aos pés do jesuíta, batendo nos peitos, lamentando-se, clamando misericórdia, e engrolando com estas lamúrias a narrativa do que era passado.

— Então ela está aqui?... disse o P. Molina com uma voz surda.

— Não houve forças, padre meu, que a despersuadisse de vir.

O visitador refletiu um instante.

— De que lado está ela?... Quero vê-la.

— Deste lado da Epístola, mesmo aos pés do altar do Santíssimo!

O frade serenou.

— Bem; tornai à igreja; e se a virdes muito aflita, fareis que a levem a casa sem tardança.

A velha beijou a manga do sacerdote; e desceu ao corpo da igreja à busca de Dulce. Descarregada a consciência do peso que trazia, Brásia restituída ao seu beatismo, palpitava com a lembrança do próximo sermão.