Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/65

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aprendei, juízes dos confins da terra!” É do Livro da Sabedoria, cap. 6.º, v. 2.º.”

Houve uma breve pausa; recolheu o olhar e a severa expressão do semblante nos recessos d'alma: toda sua pessoa parecia convolver-se ao íntimo. Instante depois a potente organização assim refrangida e socalcada fez explosão: erigiu-se alto o talhe e arfou o peito amplo com o dilatar daquele espírito vigoroso. Os arroubos celestes o transfiguraram de repente em sublime apóstolo; com os olhos em êxtase no retábulo da adoração dos magos que lhe ficava fronteiro, começou:


“Espetáculo majestoso, tão majestoso em aspecto, como em lição profunda, é este que contempla em o dia de hoje a alma do cristão!... Ei-lo, ali, no humilde estábulo, o divino infante recém-nascido. Vileza de condição, pobreza da família e fragilidade do ser. Deus Padre as dispôs, de modo que a maior alteza e poder da terra acurvasse mais baixo ainda e tanto que rojasse no esterco imundo!...

“Vede!... aquelas três frontes altivas derrubadas ante o vil retábulo da manjedoura, mãos no peito, joelhos no chão! Na vária figura significam os três