Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/77

Wikisource, a biblioteca livre

— Eia, pois, advogado nosso!...

A terminação das últimas palavras foi tão distinta, que Estácio não podia duvidar. Dela resultou sem dúvida o travar-se dentro da cadeirinha um diálogo, de que o moço só ouviu o murmúrio; depois voltou o silêncio; a doce voz que rezava emudecera.

Cogitando desse caso estranho, e confrontando-o com as circunstâncias anteriores do sinal por duas vezes repetido, e da última de modo tão positivo, o cavalheiro tirou de seus pensamentos esta convicção, que ali naquele misterioso palanquim estava uma moça oprimida de desgostos, a quem guardavam do mundo para mais reduzi-la de um amor condenado. Impedida pela vigilância da mãe de divulgar sua presença àquele a cujos olhos a roubavam, pensando roubá-la ao seu amor, usara do engenhoso expediente de emprestar da oração algumas palavras alusivas à sua posição.

Essa moça, quem podia ser, senão Inesita? pensava Estácio palpitante; e acreditava que a Virgem Imaculada, a divina Mãe de Deus, cheia de graça, lá dos céus, de onde a contemplava sorrindo de bondade, perdoara à donzela aquele inocente pecado de seu