Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/91

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Vaz Caminha, que devia estar farto de esperar. Encontrou-o logo adiante, ainda no arrabalde, sentado à borda do caminho, num cômoro de relva.

O advogado, com as perninhas cruzadas sobre a cana e o queixo apoiado no polegar, tirava afinal as provas à larga meditação, e ruminava um plano, que o ocupava desde Ano-Bom.

— Aqui me tendes, mestre!... Escusai se vos fiz esperar.

— Nada fez ao caso senão bem, pois destes-me tempo de amadurecer melhor o fruto da cogitação. Fazia de conta ir a vossa casa; mas já que vos encontrei, aproveite-se a ocasião, mesmo porque qualquer demora seria nociva.

— Quereis que fiquemos aqui?

— Busquemos lugar mais descampado e nu de arvoredo, onde se não possam esconder ouças curiosas.

Desviando à direita, acharam sítio conveniente numa crista do outeiro coberta apenas de raro capim; sentaram-se ambos, voltando o rosto ao mar, e discorrendo com os olhos a baía que se desdobrava embaixo como um tapete de veludo azul recamado de estrelas de ouro e flores de prata.