Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/96

Wikisource, a biblioteca livre

Estácio travou das mãos do velho e beijou-as com efusão uma e muitas vezes. O advogado sem fazer reparo se recolhera de novo:

— Agora, mais do que nunca, Estácio, é necessária a maior discrição e prudência nesta empresa. Não vos poderei relatar quanto hei cogitado estes dias passados, e quantos pensamentos baralhei na mente; basta que vos dê a suma para vosso governo.

Insensivelmente o advogado baixou a voz como se chegasse ao ponto mais grave.

— Suspeito que vosso segredo já foi sabido em Europa. Perdido o fio ao roteiro das minas de prata, talvez fosse ele de novo achado ao cabo de tantos anos, e acordasse a feroz cobiça que já anteriormente havia acendido.

— Donde sabeis isso? perguntou Estácio em sobressalto.

— Não o sei, não. Suspeito, filho.

— Mas em que fundais vossas suspeitas, mestre?

— Eis o difícil. Perguntai ao galgo que fareja a lebre, por que lhe segue à pista sem a ver e sem a ouvir. Pois o espírito também tem seu faro; vede se o meu é de bom caçador.

— Isso sei-o eu já de outras vezes.