Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/124

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para que melhor possa desfazer a trama.

A donzela abriu os lábios para referir tudo; mas assaltou-a uma lembrança cruel, que já anteriormente se apresentara a seu espírito. Se Cristóvão acreditasse que ela estava ligada à religião, como dissera o frade, e matasse em sua alma um amor sacrílego... Oh! era horrível só de pensar! Ela escondeu o rosto nas mãos, como para arredar a perspectiva que se desenhava a seus olhos alucinados.

— Agora não! Depois sabereis!... Mas eu vos suplico, levai-me desta casa.

— É isso impossível, doce amiga. Não podeis desamparar o teto materno, senão para entrar na igreja onde nos devemos esposar.

— Pois sim. O dia vem raiando; daqui em pouco as portas das igrejas vão abrir-se; e em qualquer delas Deus nos há de enviar um ministro seu para abençoar a nossa união.

— Quero que seja como dizeis. De que modo heis de sair daqui? Pelo mesmo caminho por que vim?... Nem pensar em semelhante coisa!

— Então se não é possível que eu vá, ficai vós junto a mim!