Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/125

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— Que proferis, Elvira! Aqui na vossa câmera de donzela?

— Na minha câmera nupcial!... não sou eu esposa vossa?

— Anjo! disse Cristóvão afagando-a. Vossa inocência e candura não conhecem o mal. Julgais que alguém, vossa própria mãe, achando-me aqui encerrado convosco, acreditasse que a minha honra e a vossa virtude vos tinham guardado virgem imaculada?... Tal é a sordidez do mundo!...

Elvira teve uma vibração íntima. Seus olhos cintilaram. Um sorriso estranho, bruxuleando uma ideia sinistra que despontara em sua mente esvairada, desabrochou nos lábios.

— Vinde! exclamou travando arrebatadamente das mãos de seu amante e levando-o ao seu aposento.

Fechou então a porta; e caminhou para Cristóvão, envolvendo-o com um olhar de Safo. Parou; seu lábio mudo não sabia a linguagem daquele delírio; ela esperava que o mancebo bebesse em seus olhos o segredo de sua alma. Mas este surpreso daquela atitude estranha, entristecia