Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/171

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Molina verificar o que já suspeitara a respeito da sua vinda ao Brasil. D. Francisco de Sousa, guiado pelas revelações de mestre Brás, compreendera que lhe seria útil o concurso do aventureiro, e tirou-o dos cárceres do Santo Ofício, para logo dar-lhe um lugar em sua comitiva. O aventureiro, que já se considerava queimado, recebeu aquele favor do céu sem saber a que circunstância o devia:

— O tal mestre Brás!... concluiu o soldado bufando. Um dia havemos de ajustar contas!...

O frade que revolvia nesse instante tristes pensamentos, sorriu de ver atribuir ao taberneiro a denúncia por ele deitada na caixa secreta; mas logo uma ideia amarga derramou-se no seu espírito, confrontando as circunstâncias agora referidas com outras por ele antes sabidas.

“A inteligência humana é uma burla do Criador!... Eu, Gusmão de Molina, com vinte anos de um estudo incessante, eu, discípulo melhor dos grandes mestres, deixar-me iludir por um taberneiro!... Quando podia pensar que aquele bruto seria capaz de contraminar um plano meu!”

Chegavam os dois à Rua da Ajuda.

— Ao menos reparemos o erro!...