Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/173

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ordem do senhor governador, e que vós não havíeis tardar! Como saístes ambos juntos!...

— E que tinha isso, grandíssima besta!...

D. Aníbal chegou a tempo; ouviam-se já as passadas da caseira de D. Diogo na escada:

— Sem dúvida, reverendo, vos enganastes de porta: a do vosso convento fica no Castelo, onde este camarada vai levar-vos direitinho como um fuso. Vamos! um, dois, três; em frente, marcha.

O visitador conheceu que a resistência, além de improfícua, podia ser funesta. Era claro que o governador guardava a porta de D. Diogo, e por conseguinte ele não poderia naquela noite penetrar na casa. Entretanto, se por um lado aquela medida o assustava, por outro lhe dava esperanças, pois era indício de que o provedor, fiel aos severos princípios de honra, recusara ao governador a entrega do depósito.

Recolheu pois o visitador ao Colégio, ao passo que D. Aníbal se atravessava na soleira da porta resolvido a ali passar a noite, e despachava a caseira acudida ao chamado do frade:

— Não é nada, rapariga, senão fui eu que me enganei de porta.

Entretanto D. Diogo de Mariz ignorava o que