A judia não replicou; com os olhos baixos e a fronte pensativa conservou-se junto à grade.
— Não há tempo a perder! disse Hugo.
— Certo! Vai, Raquel, e traz-nos o ferro necessário.
— Como o posso eu trazer que o não percebam?
— Envolto nas roupas; ninguém suspeita de ti. Enquanto voltas, nós acabaremos de concertar o melhor modo de salvar nossa vida e liberdade.
Raquel ergueu a cabeça e fitou no pai um olhar brilhante.
— Não, pai; tua filha Raquel não pode ajudar-te nesse intento.
— Por que motivo, Raquel? perguntou o judeu surpreso.
— Porque trairia aquele a quem agradece a tua vida, pois a tendo em suas mãos, bem como a desses homens ingratos, generosamente a poupou.
— E queres tu, filha desnaturada, trair aquele que te deu o ser, sacrificar teus irmãos e renegar da religião de teus pais?
— A religião de meus pais, que de ti aprendi, me ordena que respeite como coisa sagrada a fé