Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/221

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As previsões de Estácio eram exatas. Àquela hora já ele era perseguido por forças muito superiores.

É de lembrar que o P. Molina ficara em pé na Praia do Boqueirão, quando a chalupa se afastara. Longe de sucumbir, a queda era para o jesuíta, como para Anteu, o recobro do vigor. Naquele instante mesmo, em que seu plano, combinado de há tantos anos, acabava de ser aniquilado, ele formulara rapidamente outro tão audaz e engenhoso como o primeiro.

Quando Estácio surgira de repente na casa de D. Diogo de Mariz, o visitador que o deixara, além de pobre e baldo de recursos, preso no Castelo do Mar, ficou atordoado com a súbita aparição. Como pudera ele tão depressa livrar-se da prisão e fazer a viagem de São Sebastião, naquela época, longa e penosa? Habituado a não deixar que fato algum passasse, sem lhe investigar a causa, estivera desde aquele instante a cogitar sobre o acidente. Aquela vinda repentina, coincidindo com a chegada do governador, só tinha uma explicação: D. Francisco de Sousa passara pela Bahia e trouxera consigo o herdeiro de Robério Dias para facilitar a empresa.