Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/311

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D. Diogo de Menezes, investido na qualidade de capitão-general da autoridade suprema dos cabos de guerra em campanha, se preparava a exercer o triste e penoso dever que lhe impunha a confiança de El-Rei e o bem do Estado. Ordenara que se deixasse ao condenado vinte e quatro horas para preparar sua alma a comparecer perante o Criador; e recusando ver o mísero mancebo a quem de coração lamentava, desviou o espírito desse pungente assunto para empregá-lo em outros tão árduos.

De nada serviriam pois as provas em que Estácio confiava, tanto mais quando ele não as podia produzir imediatamente.

A sua gente estava àquela hora arranchada no mato sob as ordens do Antão, com as recomendações sabidas. Era portanto impossível fazê-la vir à cidade testemunhar sua inocência.

Por outro lado, quando escondera o roteiro das minas, ocorrera a Estácio um receio; que sendo preso antes de obter do Governador D. Diogo de Menezes o perdão do judeu, lhe apreenderiam a carta dirigida a Usselincx, e nesse caso perdida seria a esperança de cumprir a palavra dada a Raquel de salvar seu pai.