Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/314

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tarda aí.

— Quem é ele?

— O mesmo que vos trouxe, creio eu.

— D. José de Aguilar?... Melhor!... Morrerei em família!

E o mancebo erguendo-se em pé, agitou o corpo para expelir os últimos torpores do sono:

— Que horas são, mestre chaveiro?

— Cinco já passadas.

— Bem, restam-me quatro!... Quatro horas são duzentos e quarenta minutos, nos quais podem ter lugar mais de mil acontecimentos!... Uma hora me bastou para sair do Castelo de Santo Alberto!... Em duas ao mais tardar, mestre cérbero, eu vos convido a beber na taberna do Brás uma botelha à minha liberdade e boa saúde.

O carcereiro pensou que a fatal notícia tivesse transtornado o juízo ao mancebo:

“Pobre rapaz!...” murmurou consigo.

— Ide-vos e deixai-me tranquilo. Vossa cara afugenta-me as ideias!

— Senhor cavalheiro, replicou o chaveiro ressabiado, não cuidais já em vos pôr bem com Deus? Olhai que pouco tempo vos resta!... O padre confessor só espera que o chameis...