Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/76

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pouco distava; o menor grito ou ruído suspeito despertava a gente. Felizmente os cabos que suspendiam as chalupas estavam ainda enrolados ao longo do tombadilho; o selvagem espreitou o momento, imprimiu-lhe um movimento, e o grumete escorregando estendeu-se; já o índio caía sobre ele, cobrindo-o com o corpo, como cobrimos um objeto com a palma da mão.

Seu primeiro cuidado foi apertar a boca do menino de encontro ao peito para lhe abafar o grito; depois enrolando-o em trouxa desceu com ele à escotilha:

— Onde está o branco?

O menino forcejou para falar.

— Aponta!...

Guiado pelo dedo do grumete, foi até à porta da sala d'armas. O selvagem levou a mão à chave; Estácio ouvira o rangido; a explosão pairou sobre o navio. Mas o selvagem lembrou-se súbito que o mancebo ali fechado pelo inimigo devia estar pronto, como no seu caso ele estaria, a cair sobre no primeiro instante; retirou pois a mão, e pelo buraco da fechadura fez sinal.

— Abre!... disse Estácio adivinhando a presença de um dos selvagens.

A porta abriu-se então. Sem perda de tempo amordaçaram o grumete, e