Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/90

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dois navios holandeses que a desviaram de sua rota, refrescara alguns dias em Pernambuco, e demandava agora o porto do Rio de Janeiro.

D. Francisco de Sousa é um vulto importante na história dos tempos coloniais, pela energia do caráter, agudeza de engenho e grandes letras; embora apenas um momento perpasse pela cena deste drama, teve uma grande influência na crônica das minas de prata. Em 1591 viera ele à cata daquelas minas com a promessa de uma recompensa, negada ao seu descobridor; agora, dezoito anos depois, voltava com renovação da promessa à busca daquele imenso tesouro, cujo segredo a terra guardava.

Vaz Caminha não se enganara pois; era o roteiro de Robério Dias que trazia outra vez à América o orgulhoso fidalgo português.

Quando mestre Brás ao desembarcar em Lisboa foi ao palácio dos Sousas visitar o antigo governador, não o levou mera reverência ou acatamento. O judengo que embaçara o frade e os companheiros, fingindo-se enjoado e ébrio durante a palestra da ceia, ouvira tudo; e, como o P. Molina, farejara a existência do roteiro no poder de D. Diogo de Mariz. Revelou portanto ao fidalgo