Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/95

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ouviu-se o tiro do canhão a bordo da nau; as quinas portuguesas desdobraram-se majestosamente na popa, enquanto o pavilhão de capitão-general borboleteando pela adriça, foi tremular no tope do mastro grande.

O bergantim correspondeu à salva, içando igualmente a bandeira real de Espanha e Portugal. Os dois navios alongando-se em rumos paralelos, foram assim um instante a par e par, e tão próximos que se podia falar sem buzina de um a outro bordo.

— Que navio é esse? perguntaram.

— Uma presa flamenga.

— Venha o comandante a bordo.

— Não tenho tempo!... respondeu Estácio.

— Obedecei, senão vos meterei ao fundo!...

O mancebo calou um instante:

— Ponde vós o escaler ao mar; a mim não sobra gente para isso.

Em um instante arreou-se o escaler da nau com dois marinheiros e um oficial; os navios ficaram ao pairo durante a travessia, continuando depois a sua marcha. Estácio, havendo feito suas recomendações a Antão e Esteves, passara-se para bordo da nau, onde apenas chegado foi conduzido à