Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/134

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Esse cântico sagrado, ali no seio do deserto, tinha o quer que fosse de celeste e augusto.

Estácio fez um gesto ao menino e meteu-se pela ramagem na direção das vozes. Em pouco chegaram perto de uma campina verde, que a floresta cingia, como um regaço. Aí tinha acampado uma tribo selvagem; viam-se já erguidos a circular estacadas e os esteios das cabanas; as mulheres ligavam as palmas que deviam cobri-las, ou preparavam mantimentos.

No centro estava atado a um poste, nu, com os pés e as mãos jungidas, o apóstolo cristão que entoava o hino sagrado. Em torno dele esvoaçava um enxame de abelhas bravas, que ferroavam-lhe o corpo seco e mirrado, aos berros das crianças ferozes. Os guerreiros selvagens desfilavam ao som cadente da música ruidosa, por diante dele, vociferando insultos e ameaças.

O mancebo reconheceu imediatamente, no venerável apóstolo do deserto, seu antigo mestre do Colégio da Bahia, o Padre Inácio do Louriçal. O santo homem, votado ao martírio, conservava a mesma placidez e mansa humildade, que ornavam seu modesto semblante, oficiando no altar, ou lendo nas aulas. A alma posta em Deus, que ele