Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/15

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os rochedos, e traspassa o seio do mar como a seta vossa traspassa o peito do guerreiro inimigo. Eis o que Tupã mandou que vos dissesse!

— Pajé, ensina o sentido das palavras de Tupã! exclamavam os guerreiros.

— Uni-vos como as águas do grande rio, e então precipitai-vos sobre as tabas dos brancos, porque sereis invencíveis como a torrente veloz!

Assim caminhou Abaré de povo em povo, concitando a grande raça à guerra sagrada; mas suas palavras caíram no chão, como a semente na terra sáfara, e não deram fruto; apenas uma flor fanada, que logo mirrou.

As tribos continuaram a viver dispersas pelo sertão, e a formidável nação tupinambá, a que pertencia o pajé, emigrou através das florestas para o imenso vale do Amazonas, berço de sua raça. Abaré a acompanhou até aos píncaros da cordilheira que cingia a terra de seus pais; ali parou.

Viu seu povo descer as vertentes orientais da serrania; mas do lado oposto se dilatavam os campos de sua infância, as florestas a cuja sombra descansavam as cinzas dos seus maiores, a pátria