Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/16

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do velho, ao qual já não restam flores para semear em terra estranha. Sentiu que seus pés tinham raízes profundas naquele chão, e que seu corpo dormiria melhor à vista daqueles horizontes venerados.

Deixou pois que o último dos Tupinambás desaparecesse longe entre as árvores; e quando já não se ouvia o canto das mulheres cadenciado com o passo dos guerreiros, ergueu-se ele em busca de um abrigo para a noite. Beirando o rio chegou a uma profunda garganta da montanha, onde o chão fugia de repente, deixando apenas para conter as águas em seu leito uma estreita muralha de rocha.

Os olhos de Abaré, como os do animal noturno, deleitavam-se com o aspecto desse abismo cheio de sombra e silêncio. Ele desceu pelas escarpas do rochedo até onde abria-se uma fenda coberta de limo e parasitas. O burburinho surdo, que exalava dali, como de um caramujo, fazia supor a entrada elíptica de alguma gruta profunda. O velho pajé penetrou sem hesitar.

Depois de estreita e sinuosa galeria, abria-se de repente aos olhos deslumbrados uma magnificência da natureza. O aspecto era de uma esplêndida