Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/169

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— É agora ocasião de falar à doninha!

— Esperai então.

Momentos depois era a feiticeira introduzida na recâmera, onde passava a donzela toda a manhã, entretida com seus lavores e prendas. Raquel, entrando, devorou com os olhos a suave lindeza da nobre donzela; e depois de alguns instantes de muda contemplação, suspirou dentro de sua alma:

“Estácio devia amá-la! Como é formosa, Deus de Israel!...”

— Achegai-vos, boa mulher! Qual nome trazeis!...

— Chamam-me a bruxa. Se tive outro, faz disso já tanto tempo, tanto, que nem mais me recordo.

— Que idade então é a vossa?

— Perdi a conta dos anos, em tal número são eles. Quando vossa mãe nasceu, já estes cabelos estavam o algodão que vedes! Grande tem sido a minha peregrinação na terra, e pesado o fardo desta existência!...

Proferidas estas palavras com inflexão grave e surda entonação, a feiticeira fincou a fronte no punho e ficou nessa atitude melancólica. Inesita a observava,