Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/172

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da feia máscara, cintilava como os fulgores satânicos de maligno espírito.

Inesita palpitava sob as vibrações daquela palavra rápida e animada que desdobrava a seus olhos com vivos traços e cores ardentes a história de seu puro amor, história dela desconhecida, pois nunca tinha ouvido de Estácio a revelação do que sentia. Agora, escutando a narração da feiticeira, parecia-lhe que essas palavras ardentes e apaixonadas, embora passadas por voz estranha, vinham do mancebo, e ela as aceitava como dele.

Afinal quando Raquel emudeceu, e o encanto se desfez, a donzela, caindo em si, exclamou ainda trêmula de emoção:

— Foi dele que soubestes toda esta história, confessai. Outra pessoa não poderia conhecê-la!...

— Foi dele, sim; porque o seu coração como o vosso me estão abertos.

Raquel fitou os olhos na donzela:

— Ele vos quer estremecidamente!... Um amor imenso, que faria a riqueza de muitas mulheres, ele o tem por vós unicamente!... E contudo, mísera senhora, vós sois mais desgraçada