Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/192

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— Sr. licenciado, venho consultar-vos um caso!

— Estou sempre à obediência do sr. cavalheiro.

— Preciso que me informeis qual golpe ou ferida pode acamar um homem por dois meses?

O físico arregalou os olhinhos.

— De que vos espantais?

— Meu ofício é pensar e não dar golpes, sr. cavalheiro!...

— Também os dais quando é preciso para sarar o corpo! Esse é o caso. É verdade que tais golpes pagam-se melhor que as receitas; e por vossa segurança guardai esta bolsa.

O licenciado recolheu a bolsa, e objetou depois:

— A questão não é de paga, sr. cavalheiro; mas de consciência. Os golpes que eu dou são de bisturi; e vós me falais, se me não engano, em golpes de espada.

— Sem dúvida; são os de meu ofício.

— Bem vedes que vos não posso ajudar a fazer mal ao próximo.

— E se vos eu disser que é bem!

— Ah! se o sr. cavalheiro me promete não fazer mau uso do meu conselho...