Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/197

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por quantos ali estavam, que todos o prezavam pelos seus dotes de cavalheiro, e muitos se honravam da sua amizade. Uns o felicitavam pela sua ressurreição, outros gracejavam cortesmente sobre as melancolias dos namorados e o gosto repentino que tomam pela soledade; todos se alegravam com sua companhia.

Passado o primeiro instante de confusão trazida pelas recíprocas saudações dos que chegavam, e pela aglomeração das comitivas, foi logo notada a presença agoureira do licenciado, cujas vestes negras e rosto de pergaminho destacavam como um borrão no meio dos trajes garridos e vistosos, e dos semblantes alegres e prazenteiros.

Os convivas se entreolhavam, buscando na fisionomia de cada um a explicação daquela singularidade. Garcia se apercebeu:

— Senhores, requeiro uma parte do bom agasalho, que me fazeis, para o senhor licenciado, e conto que a não recusareis, apesar da repugnância que vos causam os seus récipes e emplastros.

— Teremos este cuidado, independente de vosso pedido, para que não nos carregue a mão quando lhe cairmos debaixo dela.

Um murmurou ao ouvido: