— Que ideia foi a vossa de trazer este mata-são a uma caçada?
Cristóvão sorriu:
— Trouxe o senhor licenciado comigo para decidir uma aposta que fizemos sobre a caçada.
— Ah!
— Qual aposta?
— Apostei cem moedas com o comendador, que hei de varar o veado, metendo-lhe o estoque na gorja sem lhe ferir veia ou nervo.
— E eu parei cem moedas em contrário! exclamou uma voz sonora.
O comendador assomara no patamar, galhardo de sua pessoa varonil, resplandecente das sedas e veludos que o vestiam. Descendo os poucos degraus de pedra veio apertar a mão de Cristóvão e dos mais convivas:
— A cavalo, senhores!... O sol desponta; é a hora em que o cervo deixa a malhada!
Os cavaleiros saltaram lestos sobre a sela; e a luzida e formosa cavalhada desfilou pelo vale, à doce luz da manhã. O trem de caça, matilhas, pajens, monteiros, guardas, havia partido ainda noite para o couto.