Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/199

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Uma ocasião Garcia emparelhando seu cavalo com o do comendador, encetou a conversa:

— Que tempo loução, D. Lopo!

— Soberbo, D. Cristóvão! Melhor monção de caça não podíamos ter! Ventos escassos, dia claro, mas fresco!

— Quereis que vos diga! Esta gentil manhã está me afogando o coração em ternuras!

— Não cuidei que fôsseis tão dado ao sentimento.

— Pois não, D. Lopo. Quando penso que a natureza se enfeitou hoje destes céus tão azuis, destes prados tão verdes, destes ares tão límpidos, para despedir-se da gente e fazer-nos saudades!

O comendador se voltou surpreso a ver se o cavalheiro falava sério; mas topou com um gesto prazenteiro e um sorriso farsola que não enganava.

— Desenfeitiçai-vos, D. Cristóvão! É uma casquilha, a vossa natureza, que a todos se requebra. Bem faço eu que não a cortejo.

— Folgai embora! Eu não sei que ideias negras me assaltaram!... Esta noite, antes de deitar-me, escrevi meu codicilo!

— Decididamente caís