Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/23

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Abaré derrubou a cabeça ao peito e caiu em profunda meditação. O aventureiro lhe falava, instando pela resposta, mas ele permaneceu inabalável e mudo como o rochedo. Afinal despertou:

— Então se tivesses disto mais que nenhum outro, serias poderoso dentre os teus irmãos brancos?

— Viria a ser decerto!

— Pois eu vou dar-te esse poder, se tu prometes fazer o que Tupã ordena.

— Dize, Abaré! replicou o aventureiro ansioso.

— Tu empregarás toda a força que eu te der em vingar a raça de teus pais! Promete que hás de fazê-lo!

O aventureiro hesitou; apesar da ambição que lhe intumescia os seios d'alma, e da nenhuma autoridade do selvagem sobre a fé de um homem civilizado, ele julgou menos nobre obter o benefício por um embuste. Mas acudiu-lhe ao espírito uma ideia. Civilizar a raça de sua mãe, restituir-lhe a proeminência que lhe competia como senhora daquela terra, não era vingá-la contra a