Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/26

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O chefe fez honra à ceia; e dormiu abraçado com o maracá, sonhando palácios encantados e tesouros fabulosos. Ao raiar da alvorada levantaram o rancho, e partiram em direitura à cidade do Salvador. Deixou-se porém ficar atrás o neto de Paraguaçu acompanhado de um índio manso, e plantou ali uma cruz mui alta, no cimo da qual via-se entalhada a letra M.

Durante a jornada, Moribeca afastava-se de espaço a espaço, para deixar ou no tronco das árvores, ou na aposição de grandes pedras, um marco da sua rota, que indicava do melhor modo em grosseiro mapa. Era este um pedaço de pano embebido na goma da icica, sobre o qual traçava com tinta de urucu a direção da cordilheira e dos rios principais em relação à Bahia.

Chegado enfim à cidade, foi seu primeiro cuidado procurar o velho judeu Samuel, que apesar de usurário, lhe comprou as pedras do maracá por boa soma; eram todas diamantes de boa água e de vários quilates. O segredo foi prometido e guardado, pois estava no interesse de ambos; a um importava não despertar a menor suspeita sobre a descoberta; ao outro não