Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/264

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A donzela sorriu amargamente.

— Por que este coração, que ao de longe conhece o rumor de vossos passos, e vos pressente antes que vos vejam os olhos, por que ficou ele agora frio e mudo ouvindo-vos?... Esta não é a voz com que outrora me dizíeis as mesmas palavras!... Oh! não vos iludis, Cristóvão, já não sois o mesmo!

— Não estou aqui a vossos pés, senhora?

— O que vos tem junto de mim, não é mais o amor, não; é a honra. O coração ardente e extremoso que outrora por mim se estremecia, morreu; mas o coração grande e generoso, que eu admirei, este é o que me resta. Sois e sereis sempre o mesmo cavalheiro nobre e leal, Cristóvão; em vossa consciência vos julgais apesar de tudo obrigado pelos vossos juramentos, porém eu vos absolvo deles. Rejeito o sacrifício que me quereis fazer de vossa felicidade. Se alguém deve sofrer de um erro, que foi meu e só meu, não há de ser o inocente!

— O que nas minhas ações pode ter feito nascer em vosso espírito semelhantes suspeitas? balbuciou Ávila.

Elvira travou-lhe da mão e cerrou-a com força: