Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/266

Wikisource, a biblioteca livre

ambas estas criaturas sentiram partir-se o último fio que ainda ligava suas almas.

Ávila, chegado a casa, ordenou que não tirassem os jaezes ao cavalo, e subiu ao gabinete para escrever. A carta era para Elvira, e continha estas poucas palavras:


Tendes razão, Elvira; a mentida felicidade deste mundo já não existe para nós; porém outra melhor e eterna nos aguarda na mansão celeste. Essa fé me anima e inspira. Vou lá esperar-vos, esposa minha!


Tendo cerrado a carta que recomendou a seu escudeiro levasse a quem era dirigida, ajustou as armas e desceu ao pátio para montar de novo a cavalo e partir.

Onde ia ele àquela hora da noite, desacompanhado e sombrio?... Ia em busca da morte; ia arremessar a existência no primeiro abismo que o acaso lhe deparasse em caminho. Punha já o pé no estribo quando um cavalo a galope estacou à porta e apeou-se um cavaleiro.

Era D. Francisco. O fidalgo apertou a mão ao mancebo e levou-o até acima:

— Sei tudo, cavalheiro!

— A que aludis, D. Francisco?