Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/267

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— Venho de casa de D. Lopo. Compreendeis agora?

— Não; de todo não compreendo.

— O comendador referiu-me a causa do primeiro e do segundo desafio vosso. Estais enamorado louco da minha Inesita, D. Cristóvão!...

— Asseguro-vos, D. Francisco, que vos enganaram!

— Não tendes já necessidade de esconder os vossos sentimentos, amigo!... Sabeis se vos estimo; o único obstáculo que se opunha à vossa ventura, neste momento, está removido. Conseguiu vosso valor o fim a que se propôs; D. Lopo obteve de mim permissão para retirar seu pedido, e eu corri à vossa casa para ser o portador de tão boa nova e o núncio de vossa felicidade. Abraçai-me, D. Cristóvão.

O mancebo ouvira espavorido as palavras do fidalgo; mas no meio desse espasmo percebia-se a explosão do júbilo que lhe causava a nova da renúncia de D. Lopo. A mão de Inês estava outra vez livre! Esse pensamento atravessara a atonia de seu espírito, como um raio brilhante do sol filtra entre as nuvens.