Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/271

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— Tudo quanto era meu lhe dei, pois só vivo dele!... Minha pessoa não me pertence, mas a meu senhor e pai. Subtraí-la a seu poder só o pode Deus, meu criador!...

Cristóvão ficou algum tempo com os olhos fitos nela, e cheios de ardente fulgor. Depois partiu brusco e rápido.

Correram os dias.

Em Nazaré faziam-se aprestos para uma grande festa. Artesãos e mecânicos fabricavam várias obras, como arcos e pavilhões, ou renovavam as tapeçarias da casa; em frente ao edifício se dispunham as colunas que deviam servir aos vários fogos de artifício. Este desusado movimento excitou muito a curiosidade de todos; mas D. Francisco teve logo o cuidado de aplacá-la, declarando que pretendia comemorar naquele ano o seu natalício com uma festa, qual nunca se vira na Bahia.

Na véspera Cristóvão aproximou-se de Inesita. A donzela andava contente desde que se desfizera seu casamento com o comendador; essa liberdade era ao menos uma sombra de ventura para ela, que não podia ter a realidade. Não estar destinada a nenhum outro, era pertencer, embora