Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/272

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de longe e por pensamento a Estácio. Reparou pois ela na tristeza profunda de Ávila e no tom grave com que lhe falou.

— Pondes vossa confiança em mim? perguntou-lhe o mancebo.

— Em quem a pusera, se a retirasse de vós? Não sois o irmão de Estácio, e meu portanto? Não me arrancastes já por duas vezes ao meu fatal destino?...

— Pois se depositais vossa fé neste amigo e irmão vosso, ouvi e guardai bem minhas palavras.

Ávila refletiu no que ia dizer:

— Qualquer coisa que aconteça, por mais espantosa que pareça, não vos abandone a esperança. Sereis feliz, eu o juro sob minha vida e honra.

— Mas então!... Nova desgraça me ameaça?

— Nada mais vos posso dizer!... Esperança e fé.

Chegou o dia da festa. Era já por tarde, e ainda Inesita não recebera as ordens de seu pai, que a mandara aguardar em companhia de D. Ismênia. Foi quase ao anoitecer, quando começaram de acender as luzes, que o castelhano veio buscar a donzela e levou-a pela mão até sua recâmera.