Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/28

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aos seus olhos cascatas de diamantes, que irradiavam chispas e centelhas de todas as cores do prisma; em torno dele rutilava um céu recamado daquelas estrelas, que o pajé na sua linguagem poética chamava as lágrimas do sol; a cada instante relanceava em sua imaginação um esplendor semelhante à viva fosforescência dos mares tropicais. Entretanto uma só vez o nome dessa maravilha da natureza, que só nasce e só perece pela combustão, não veio aos seus lábios.

O assunto o enchia demais e subjugava seu espírito, já perturbado pelas vascas da morte.

Também seu filho não se lembrou de inquirir a natureza dos fabulosos tesouros que seu pai lhe anunciava.

A profusão de prata, que depois da entrada no sertão, havia em todo o serviço não só de casa e capela como de jaezes e armaduras, não escapara a Robério, que suspeitava seu pai de haver trazido de suas explorações boa cópia desse metal. Ouvindo-lhe pois na hora extrema as maravilhas da descoberta, acreditou desde a primeira palavra, que eram as minas de prata o famoso tesouro.

Precipitou Robério a partida para o Sincorá receando