Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/37

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e ao sair da gruta carregou para o píncaro elevado o camuci que havia fabricado com suas próprias mãos, segundo os ritos de Tupã. Ali estava ao seu lado, esperando-o, a urna funerária que devia guardar seus ossos, e servir-lhe de leito derradeiro.

Entorpecido pelos vapores acres do tabaco, o pajé devaneava. Descobriu longe, longe, aquele vulto de guerreiro branco que avançava através do sertão. Não era o neto de Paraguaçu, mas procedera do sangue dele. O guerreiro esforça; o velho anseia; e nessa esperança tantas vezes renascida, quantas finada, vão-se os últimos e tênues espíritos da vida.

Mas eis que um som grato ao coração de Abaré o revoca à existência.

Ressoa perto a inúbia dos Tupinambás; a alma do velho pajé se dilata no prazer de abraçar com o extremo olhar a multidão de seus filhos. Volve o rosto para a floresta de onde rompe a tribo guerreira, de terrível aspecto.

Oh! dor! seus filhos, os valentes, os fortes, a quem ele transmitia outrora as palavras de Tupã, renegaram das crenças de seus pais, e são agora conduzidos, como um bando de capivaras,