Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/39

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em busca das pedras que tanto cobiça; com a fome delas os guerreiros se devorarão, como os abutres pela carniça. Minha raça será vingada e esta terra de meus pais beberá até a última gota do sangue inimigo!

O selvagem sorriu:

— E de dentro de seu camuci a alma de Abaré voará aos campos alegres para regozijar-se com Tupã!

Proferidas essas palavras, o velho arrastou-se até o grande vaso de barro vidrado, que encravara antes numa fenda do rochedo, e nele entrou, sentando-se como os ídolos dos pagodes índios; depois deixando cair a tampa, cujos bordos cobrira de uma resina fortíssima, selou pela eternidade seu último jazigo.

O sacerdote cristão estremecera diante de tão estranhas palavras. Desceu ao álveo do rio; e sentiu, calcando as riquezas imensas, arderem-lhe as plantas, como se caminhasse sobre brasas acesas. Sua alma angélica entristeceu pensando nas desgraças que estavam ali semeadas para a pobre humanidade; o lábio apostólico murmurava as palavras do Eclesiastes: