Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/44

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vontade poderosa. Com os olhos pregados no chão, ninguém sabia que abismos de dor sondava esta vista profunda e cadavérica.

Ao lado dele o pobre Gil, agarrado à sua mão, chorava silenciosamente, afogando os soluços e enxugando as lágrimas com a garnacha do velho advogado, a qual lhe encobria quase todo o rosto. O menino tinha os olhos upados de tanto chorar; e de vez em quando murmurava com um acento inexprimível:

— Senhor Vaz!... Senhor Vaz!...

Ao menor rumor que vinha da prisão esse grupo singelo de um grande martírio estremecia, e volvia pávidos esgares para o lôbrego edifício.

Eram seis horas.

A dúbia claridade do rápido crepúsculo matutino desenhava já no azul desbotado do céu o negro perfil da fortaleza. O pátio estava cheio de soldados dos pelotões que formavam; e notava-se o bulício que anuncia um acontecimento extraordinário.

Nisso abriu-se o portão exterior, e um frade assomou no limiar. Vaz Caminha na esperança de obter alguma notícia achegou-se dele quando atravessava: