Ao mesmo tempo uma ideia luzira em seu espírito:
— Escutai, padre!...
Molina recomendou ao carcereiro que esperasse a alguma distância, e voltou ao prisioneiro.
— Que segurança me dais do cumprimento de vossa promessa? Se vos eu entregar o meu segredo, que meios tendes para livrar-me do suplício que me espera, e arrancar-me já desta masmorra?
O jesuíta sorriu:
— Era essa a causa de vossa recusa?... Me julgastes capaz de trair-vos, apossando-me do vosso bem para depois abandonar-vos à sorte fatal?... Vejo que ainda não reconquistei vossa estima!
— Respondei; o tempo urge.
— Tinha tudo preparado. Se aceitásseis o que propus, sois da minha estatura, e coberto com este sombreiro, envolto neste hábito, à mercê do lusco-fusco da alvorada, passaríeis entre os guardas como o P. Molina.
— E ficaríeis em meu lugar, encarcerado nesta masmorra?...
— O tempo preciso para vos pordes em segurança.